Meu pai ea um homem frugal e bom. ensinou-me, desde cedo, a entreter-me com as coisas aparentemente mais simples.
Um dos meus passatempos em criança era colecionar os casulos dsas traças e assistir, na primavera, à emersão das borboletas, espetáculo- para mim- de arrebatadora beleza. A luta delas para escapar do cárcere despertava, sempre, minha compaixão.
E um dia, com uma tesoura muito fina, papai veio e cortou a parede sedosa do casulo, ajudando obichindo a se soltar.
A borboleta, daí a instantes, estava morta.
Era como se o trabalho fosse necessário à garantia de sua vida.
_ Filho- disse papai- o esforço com que esta traça procura libertar-se do casulo ajuda-a a segregar os venenos do corpo. Se o veneno não for expulso, o bichinho morrerá. O mesmo ocorre com a gente: quando uma pessoa luta por aquilo que deseja, torna-se melhor e meis forte. Mas, quando as coisas se realizam sem esforço tornamo-nos fracos, pusilãnimes, sem personalidade. E parece que alguma coisa morre dentro de nós.
Sei, hoje, que fiu muito capaz de sustentar-me na adversidade, graça á lição tão profunda e tão viva que meu pai soube dar-me naquele dia.
E tudo se deveu a uma pequena traça morta.
( Do livro, "O Poder da Fé", de José Lázaro Boberg