sábado, 19 de fevereiro de 2011

O início do espiritismo- ( Depoimento de Alan Kardec)

  



Morava eu, por esta época, na rua dos Mártires, nº 8, no segundo andar, ao fundo. uma noite, estando no meu gabinete a trabalhar, pequenas pancadas se fizeram ouvir na parede que me separava do aposento vizinho. A princípio, nenhuma atenção lhes dei; como, porém, elas se repetissem mais fortes, mudando de lugar, procedi a uma exploração, minuciosa dos dois lados da aprede, e nada descobri. O que havia de singular era que, de cada vez que eu me punha a investigar, o ruído cessava, para recomeçar logo que eu retomava o trabalho. Minha mulher entrou da rua por volta das dez horas; veio ao meu gabinete e, ouvindo as pancadas, me perguntou o que era. não sei, respondi-lhe, há uma hora que isto dura. Investigamos juntos, sem melhor êxito. O ruído continuou até a meia- noite, quando fui deitar-me.
    No dia seguinte, como houvesse sessão em casa do Sr. Baudin, narrei o fato e pedi que mo explicassem.

Pergunta_ Ouvistes, sem dúvida, o relato que acabo de fazer; poderíeis dizer-me qual a causa daquelas pancadas que se fizeram ouvir com tanta persist~encia?
Resposta_ Era o teu Espírito Familiar.
P. Com que fim foi ele bater daquele modo?
R._ Queria comunicar-se contigo.
P._ Poderíeis dizer-me quem é ele?
R._ Podes perguntar-lhe a ele mesmo, pois que está aqui

Nota_  Nessa época, ainda se não fazia  distinção nenhuma  entre as diversas categoriasde Espíritos simpáticos. dava-se-lhes  a todos a denominação de Espíritos familiares,

P._ Meu espírito familiar, quem quer que tu sejas, agradeço-te o me teres vindo visitar. Consentirás em dizer-me quem és?
R._ para ti, chamar-me -ei A Verdade e todos os meses, aqui, durante umquarto de hora, estarei á tua disposição.
P._ Ontem, quando bateste, estando eu a trabalhar, tinhas  alguma coisa, de particular a dizer-me?
R._ O que eu tinha a dizer-te era sobre o trabalho a que te aplicavas; desagradava-me o que escrevias e quis fazer que o abandonasses.

Nota-  que eu O estava escrevendo dizia respeito, precisamente aos estudos que empreendera acerca dos Espíritos e de suas manifestações.

P._ A tua desaprovação era referente ao capítulo que eu escrevia ou ao conjunto do trabalho?
R._ Ao capítulo de ontem; submeto-o a teu juízo; se o releres, reconhecerás tuas faltas e as corrigirás.
P._ Eu mesmo não me sentia satisfeito com esse capítulo e o refiz hoje. Está melhor?
R._ Está melhor, mas ainda não satisfaz. Relê da 3ª a 4ª linha e com um grave erro depararás.
P._ Rasguei o que escrevera ontem.
R._ Não importa! Isso não impediu que a falta continuasse. Relê e  verás.
P._ O nome Verdade, que adotaste, constitui uma alusão à verdade que procuro?
R._ Talvez; pelo menos, é um guia que te protegerá e ajudará.
P._ Poderei invocar-te em minha casa?
R_ Sim, para te assistir pelo pensamento; mas, para respostas, escritas em tua casa, só daqui a muito tem´po poderás obtê-las.

Nota- com efeito, duracnte cerca de um ano, nenhuma omunicação escrita obtive em minha casa e sempre que ali encontrava um médium, com quem eu esperava conseguir qualquer coisa, uma circunstãncia imprevista a isso se opunha. Somente fora de minha casa lograva eu receber comunicações.

P._ Poderás vir  mais amiúde enão apenas de Mês em mês?
R._ Sim, mas não prometo senão uma vez mensalmente, até nova ordem.
P._ Terás animado na Terra alguma personagem conhecida?
R._ Já te disse que, para ti, sou a Verdade; isto, para ti, quer dizer discrição; nada mais saberãoà respeito.

nota- À noite, de regresso a casa, dei-me pressa em reler o que escrevera. Quer no papel que eu lançara à cestinha, quer uma nocva cópia que fizera, se me deparou, na 30ª linha, um erro grave, que me espentei de haver cometido. desde então, nenhuma outra manifestação do mesmo gênero  das anteriores se produziu. Tendo se tornado desnecessárias, por se acharem estabeleceidas as minhas relações com o meu Espírito protetor, elas cessaram. O intervalo de um mês, que ele assinara para suas comunicações, só raramente foi mantido, no princípio. Mais tarde, deixou de o ser, em absoluto.

Fora sem dúvida um aviso de que eu tinha de trabalhar por mim mesmo e para não estar constantemente a recorrer ao seu auxíio diante de qualquer dificuldade.

( este texto foi escrito em 1856, por Alan Kardec e o diálogo com Verdade se deu na casa do Sr. Baudin,  através da médium Sta. Baudin).

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