quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Receita da felicidade

    

 Tadeu, que era um dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova, em casa de Pedro, entusiasmara-se na reunião, relacionando os imperativos da felicidade humana e clamando contra os dominadores de Roma e contra os rabinos do Sinédrio.
     Tocado de indisfarcável revolta, dissertou largamente dobre a discórdia e o sofrimento reinantes no povo, atuando-lhees a causa nas deficiências políticas da época, e, depois que expendeu várias considerações preciosas, em torno do assunto, Jesus perguntou-lhe:
  _ Tadeu, como interpreta você a felicidade?
 _ Senhor, a felicidade é a paz de todos.
    O Cristo estampou significativa expressão fisionômica e ponderou:
  _ Sim, Tadeu, isto eu não conheço; entretanto, estimaria saber como se sentiria você realmente feliz.
  O discípulo, com algum acanhamento, enunciou:
 _ Mestrem suponho que atingiria a supreja tranquilidade se pudesse alcançar a ompreensão dos outros.
 Desejo, para esse fim, que o próximo me não despreze as intenções nobres e puras.
  Sei que erro, muitas vezes, porque sou humano; entretanto, ficaria contente se aqueles que convivem comigo me reconhecessem o sincero propósito de acertar.
   Respiraria abençoado júbilo se pudesse confiar em meus semelhantes, deles recebendo a justa consideração de que ne sinta credor, em face da elevação de meu ideal.
Suspiro pelo respeito de todos, para que eu possa trabalhar sem impedimentos.
 Regozijar-me-ia se a malidicência me esquecesse.
  Vivo na expectativa da cordialidade alheia e julgo que o mundo seria um paraíso se as pessoas da estrada comum se tratassem de acordo com o meu anseio de ser acatado pelos demais.
  A indiferença e a calúnia doem-me no coração.
  Creio que o sarcasmo e a suspeita foram organizados pelos Espíritos das trevas, para tormento das criaturas.
  A impiedade é um fel quando dirigida contra mim, a maldade é um fantasma de dor quando se põe ao meu encontro.
  Em razão de tudo isso, sentir-me-ia venturoso se os meus parentes, afeiçoados e conterrãneos me buscassem, não pelo que aparento ser nas imperfeições do corpo, mas pelo conteúdo de boa vontade que presumo onservar em minha alma.
 Acima de tudo, Senhor, estaria sumamente satisfeito se quantos peregrinam comigo me concedessem direito de experimentar livremente o meu gênero de felicidade pessoal, desde que me sinta aprovado pelo código do bem, no campo de minha consciência, sem ironias e críticas descabidas.
 Resumindo, Mestre, eu queria ser compreendido, respeitado e estimado por todos, embora não seja, ainda, o modelo de perfeição que o céu espera de mim, com o abençoado concurso da dor e do tempo.
Calou-se o apóstolo e esboçou-se, na sala singela, incontido movimento de curiosidade ante a opinião que o Cristo adotaria.
Algum dos companheiros esperavam que o Amigo Celeste usasse o verbo em comprida dissertação, mas o Mestre fixou os olhos muito límpidos no discípulo e falou com firmeza e doçura:
_ tadeu, se você procura, então, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para com os outros, como você deseja que os outros procedam ^para com você. E caminhando cada homem nessa mesma norma, muito em breve estenderemos na Terra as glórias do Paraíso.
Jesus no Lar- Francisco Cândido Xavier- Espírito: Neio Lúcio)

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